Fabrício Andrade (Fabricio.Andrade@br.endress.com), Diretor PROFIBUS DP/PA, Gerente de Produto na Endress+Hauser.

Gostaria de comentar sobre o que tenho visto em algumas empresas que normalmente visito e que estão utilizando a comunicação em rede com seus instrumentos de campo. Faz pouco tempo que estive em visita a um cliente que possui uma planta com rede PROFIBUS DP/PA e ele basicamente utiliza a rede como uma rede analógica! Sim, a rede serve apenas para comunicação com o sistema de controle e quando existe algum problema com a instrumentação, o técnico precisa ir até o device para acessar via display toda configuração, procurando o que está acontecendo com o instrumento de forma manual.
 

Qual diferença de ter uma planta 4-20mA ou PROFIBUS se só utilizamos a rede digital para o controle? Muitos podem dizer que a economia na instalação ou a transparência e a facilidade na integração já são benefícios suficientes. Em partes sim, é verdade que a economia na implementação de uma rede PROFIBUS, onde você tem a comunicação e alimentação em um único par de fios já podem ser suficientes para escolha, mas e quando falamos na integração? Na teoria é muito mais simples, mas depende muito de quem está fazendo, pois um nível mínimo de conhecimento é requerido para este tipo de trabalho. Já em um instrumento só 4 – 20 mA, você faz o teste do loop com gerador de corrente ou no próprio instrumento com um configurador de campo, verificando se sinal chegou e está feito, o loop está funcionando!

Outra vantagem da rede digital que podem comentar é que não existe muitas conversões de sinais, então você tem certeza que o que está sendo indicado é o que realmente está sendo medido pelo instrumento, diferente de um instrumento 4-20mA que gera perdas na conversão e na comunicação, pois o próprio 4 – 20mA não é tão preciso assim! Não estou dizendo que devemos continuar no analógico e esquecer o digital, estou querendo dizer que o digital tem muito mais a oferecer do que o tradicional 4-20mA, mas precisamos ter conhecimento para utilizar 100% da sua capacidade e dessa forma, usufruir de todos seus benefícios e não apenas alguns deles.
 

Quando falamos em diagnósticos, quem utiliza algum tipo de rede industrial já pensa de como está a comunicação, o dimensionamento da rede, se estão utilizando terminações de forma correta, aterramento etc. Hoje já existem gateways que fazem essa análise da rede de forma online e que ajudarão a responder sobre a performance da rede PROFIBUS DP/PA e como anda sua saúde. De uma forma simples, conseguimos garantir o funcionamento da rede, mas e os seus instrumentos de campo? Você sabe se estão funcionando de forma correta? Existe algum alarme? A resposta pode ser: – Sim, junto do meu CLP tem um sistema que veio com ele, que me permite configurar de forma remota e acessar alguns diagnósticos dos instrumentos de campo! Ok, você tem uma ferramenta que dá informações sobre os instrumentos, mas essa ferramenta é eficiente e transparente para o usuário? Pense nisso…

Assim como existem gateways que fazem análise de como a rede está se comportando e se existe algum risco de falha de comunicação ou instalação errada, existem ferramentas para análise da instrumentação de campo, focadas no diagnóstico do instrumento de campo, enviando informações de forma transparente via web browser ou via software de gestão de ativos.
 

Essas gateways podem ser facilmente instaladas na sua rede PROFIBUS em funcionamento, pois ela atuará como mestre classe 2 na rede, pegando apenas informações de diagnósticos e de configuração dos instrumentos de campo DP/PA! Com isso, você consegue ter uma ferramenta que tem o foco de fazer a gestão do ativo de forma automática, dando visibilidade do problema e de como resolvê-lo! Esse tipo de gestão é muito importante, pois pode evitar uma parada não programada por conta de falha da instrumentação, configurações erradas ou problemas na operação do equipamento por aplicação inadequada!
 

Voltando ao meu cliente, ele se deu conta de que precisa saber como está a saúde de cada equipamento de campo e de sua rede, como também concentrar as informações para fácil acesso e dessa forma diminuir o tempo de parada de planta, pois o acesso à informação será mais fácil e transparente, ajudando a solução dos problemas de forma rápida e na maioria das vezes evitando que algum problema aconteça! Além disso, ele pagou por esses benefícios e ele simplesmente não utiliza.

Este cenário é mais comum do que parece, onde usuários de redes digitais simplesmente utilizam como uma rede analógica convencional, não levando em conta os cuidados de instalação e os benefícios que sua rede pode oferecer! Para fazer sentido uma rede digital no campo, é preciso saber tudo o que ela pode oferecer, além de fazer questão de utilizar 100% de sua capacidade para uma melhor performance da planta.