Quando foram iniciados os estudos
para a implantação de redes nas minas
do Sistema Sul da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD),
a equipe responsável pelo projeto priorizou
alguns aspectos, dentre eles, redução
de custos de planejamento, cabeamento, montagem, comissionamento
e manutenção; disponibilização
de uma gama muito maior de sinais de monitoração,
diagnósticos, controle e alarmes; maiores facilidades
no comissionamento e start-up; maiores facilidades
para a manutenção, trazendo maior disponibilidade
da planta; e redução de custos com hardware
do CLP, que compensam os custos adicionais da instrumentação
e dispositivos.
A CVRD foi fundada em 1942, é a maior produtora
de minério de ferro do mundo e maior empresa privada
da América Latina, além de ostentar o título
de uma das cinco maiores mineradoras em todo o globo.
Seu valor de mercado, estimado em janeiro deste ano,
está na casa dos US$ 23,4 bilhões. O Grupo
CVRD exporta para mais de 30 países, com destaque
para minério de ferro, manganês, bauxita,
alumina, alumínio primário, caulim potássio
e cobre (futuramente níquel).
O Engenheiro de Automação Miroslav Bires,
da Gerência de Automação Industrial
das Minas do Sistema Sul, explica que os principais pontos
que culminaram na escolha da rede Profibus, em detrimento
da Fieldbus Foundation, foram vários, destacando-se
a maior diversidade de fabricantes e de instrumentos
com tecnologias diferentes; a maior flexibilidade na
arquitetura, pois a integração é mais
fácil da Profibus-PA com a Profibus-DP (comparada
a DeviceNet com a Fieldbus Foundation), assim como o
uso do cabo DP com derivação para o PA,
via acoplador de segmento; a utilização
do mesmo software de configuração, parametrização
e diagnóstico da rede DP e PA; trazendo vantagens
para o controle local para mineração.
Bires conta que o projeto piloto
com Profibus aconteceu no controle da deslamagem da
Usina 1 do Complexo Cauê,
cujo layout incluía muitos instrumentos próximos
e em série.
Hoje, depois do
projeto implementado (de 2001 a 2004), a CVRD contabiliza
348 dispositivos em Profibus, sendo 133 DP e 215 PA,
com perspectivas desses números chegarem a 1.798
(879 DP e 919 PA), em 2006. Veja o quadro.
SITUAÇÃO
ATUAL: BASE INSTALADA E PROJETOS FUTUROS |
PROJETO/ÁREA |
ANO
|
DP
|
PA
|
TOTAL
|
DESLAMAGEM ITA+HEM U1 CA |
2000
|
17
|
26
|
43
|
PROJETO -1MM CA |
2002
|
15
|
6
|
21
|
BOMB.REJEITO CAVA CA |
2003
|
41
|
44
|
85
|
PENEIRAS,
BOMBAS VÁCUO
FILTROS VERTICAIS CE |
2003
|
0
|
102
|
102
|
FILTRAGEM TO |
2004
|
10
|
11
|
21
|
PENEIRAMENTO PELLETFEED CE |
2004
|
50
|
26
|
76
|
AMPL.
FLOTAÇÃO
CA |
2004
|
32
|
41
|
73
|
DESLAMAGEM
U2, CICLONAGEM CLASSIFICAÇÃO
U1+U2 CA |
2004
|
11
|
29
|
40
|
FILTRAGEM VERTICAL CA |
2005
|
16
|
67
|
83
|
COMPLEXO DE BRUCUTU |
2006
|
567
|
542
|
1109
|
FÁBRICA
NOVA (estimado) |
2005
|
120
|
25
|
145
|
TOTAL CVRD (ATUAL) |
1/2004
|
133
|
215
|
348
|
TOTAL CVRD (ATUAL+FUTURO) |
2006
|
879
|
542
|
1798
|
|
Fonte:
CVRD. |
Contudo, o orgulho
da companhia será o Projeto Brucutu, próximo à cidade
de Barão de Cocais, em Minas Gerais e que, de
acordo com o Engenheiro de Automação
da CVRD, será a futura referência em Profibus
na área de mineração. Seu início
está previsto para 2006, com investimentos da
ordem de US$ 220,000,000.00, e que proporcionará 600
empregos diretos
“O projeto conceitual contempla um estudo comparativo
de redes de campo (Devicebus e Fieldbus)”, salienta
Bires. E o número de instrumentos e dispositivos – apenas
os principais e numa primeira fase – a serem instalados
em Brucutu é consideravelmente elevado. Veja o
quadro.
INSTRUMENTO/DISPOSITIVO
|
QUANTIDADE
|
Transmissores
de Pressão
|
2000
|
Transmissores
de Nível
|
2002
|
Transmissores
de Vazão
|
2003
|
Transmissores
de Densidade
|
2003
|
Transmissores
de Posição
|
2004
|
Válvulas
de Controle Contínuo
|
2004
|
Transmissores
de Temperatura
|
2004
|
Transmissor
de pH
|
2004
|
Relés
inteligentes
|
2005
|
Inversores
de Freqüência
|
2006
|
Balanças
integradoras e dosadoras
|
2005
|
IHM’s
|
1/2004
|
Conversores
4-20mA p/ Profibus-PA
|
2006
|
|
Fonte:
CVRD. |
Como qualquer
outra tecnologia em constante desenvolvimento, o Profibus,
na visão do Engenheiro de Automação,
tem pontos que podem ser melhorados ou, no mínimo,
melhor explorados, tais como: o gerenciamento de ativos
e diagnósticos, havendo um potencial do Profibus
ainda a ser explorado na própria CVRD; o suporte
mais efetivo da Associação Profibus quanto às
questões técnicas conceituais e estratégicas
tecnológicas; o treinamento em instalação
e o comissionamento da rede para clientes finais (aspectos
práticos de campo); os itens com poucas alternativas
em termos de fornecedores, especialmente de relés
inteligentes (sem gateways), conversores 4-20mA/Profibus-PA
e softwares de configuração e diagnósticos
de rede on-line; e, finalmente, os modelos novos de
instrumentos de alguns fabricantes com desempenho e
funcionalidade inferior ao modelo antigo.
Contudo, é inegável a oportunidade de ganhos
comprovados na engenharia (do projeto ao start-up) e
na instalação, incluindo material e serviço. “A
rede Profibus já é uma realidade na CVRD,
e estamos entrando na fase de consolidação
e difusão da tecnologia dentro da companhia”,
conclui Bires.