Na tarde de quinta-feira, 26 de outubro, o auditório da Escola Senai Armando de Arruda Pereira, em São Caetano do Sul (SP), foi palco do I Encontro de Usuários PROFIBUS PROFINET IO-LINK AS-INTERFACE, organizado pela PI Brasil.
O evento reuniu gestores de empresas associadas e convidadas, usuárias ou inclinadas à utilização das tecnologias, em torno de demonstrações de cases que adotam PROFIBUS PROFINET visando melhorias nos processos de fabricação e a integração com a Indústria 4.0, contribuindo assim para o aumento da competitividade das indústrias.
Na abertura, o diretor do Senai, Osvaldo Luiz Padovan, o diretor-vice-presidente e o diretor-presidente da PI Brasil, Erik Maran e Robert Gries, respectivamente, ressaltaram a importância do encontro. “A ideia é esclarecer e compartilhar experiências sobre ‘conectar’, uma palavra relativamente pequena, mas que, muitas vezes, é o grande desafio para fazer acontecer a Indústria 4.0”, disse Gries.
Abrindo os painéis de estudos de casos, o coordenador de Automação e Integração Corporativo da Raízen, Lucas Albuquerque Pinheiro, apresentou a arquitetura, performance, manutenção, prós e contras da aplicação Rede PROFIBUS DP em fibra óptica do CCM da peneira molecular da unidade Caarapó.
Para Pinheiro, apesar de o modelo em fibra óptica ser 140% mais caro que o convencional, os benefícios compensam o investimento, em média, em três anos. “A principal característica do projeto é a confiabilidade que a rede nos dá, sem o risco de uma queda e consequente parada da usina cuja perda pode chegar a R$ 150 mil em apenas uma hora”, acrescentou.
Os engenheiros da Vale, Juliano César Bispo de Lisboa (Mina de Brucutu); Jainy Miranda (Mina de Conceição); e Gilberto Vieira (Mina Cauê) apresentaram o Programa de Melhorias das Redes Industriais da Diretoria Ferrosos Sudeste da Vale.
Segundo Lisboa, a ideia do programa foi o alinhamento de ações necessárias, para tratar a questão das redes industriais de forma mais organizada e com metodologia, para dar visibilidade estratégica junto à hierarquia da empresa, gerências patrocinadoras e clientes. “Apesar das unidades trabalharem com tecnologias diferentes, com fabricantes distintos, o objetivo era chegar ao patamar de padronizar um método de gestão das redes. A partir daí, tivemos um ganho em relação ao aprendizado, possibilitando sanar problemas preventivamente. Como resultado, alcançamos uma operação mais estável, reduzindo instabilidades do ponto de alimentação da usina”, explicou o engenheiro.
Integração das tecnologias Profinet e Profibus em conexão com a Indústria 4.0 foi o tema da apresentação do Analista de Sistemas de Automação Industrial e Manufatura da Scania Latin America, Rafael Rocha Fernandes. De acordo com ele, uma das tecnologias aplicadas é a Profienergy, que permite ao PLC desligar ou colocar os equipamentos da rede em standby, durante horários não produtivos, melhorando a eficiência energética, o que favorece o meio ambiente e também auxilia na economia financeira da empresa.
Para o analista, uma das tendências da Indústria 4.0 é a integração vertical e horizontal da empresa em todos os setores. “As redes Profibus e Profinet nos proporcionam uma alta disponibilidade na comunicação com os equipamentos industriais, e possibilitam a conectividade entre o chão de fábrica e os sistemas corporativos”.
Finalizando as amostras de cases, o engenheiro da Voith Hydro, Leandro Fortes, explanou sobre o Desenvolvimento e Arquitetura de Redes PROFIBUS-DP, PROFINET e AS-I na Usina Hidrelétrica Belo Monte. Quanto ao uso da Rede Profinet, Fortes explicou que é utilizada para fazer a comunicação com o PLC Central e as Remotas e PLC’s dos Sistemas Locais da Usina, como Regulador de Velocidade, CCM’s e Painéis de Controle Locais. No Painel de Instrumentação da Unidade Geradora (um dos painéis de Controle Local) possui uma remota que comunica com o PLC Central via Profinet e, nela, foram instalados Mestres AS-I que se comunicam com o Campo, coletando os dados dos Sensores da Turbina e Gerador.
Segundo ele, é preciso levar em consideração alguns pontos-chave na hora de escolher a Rede de Campo adequada. “Ter equipamentos bons, que correspondam às normas técnicas exigidas; utilizar equipamentos certificados; respeitar as normas do protocolo quanto à arquitetura, instalação, capacidade da rede etc. A confiabilidade da rede é em função da engenharia apropriada aplicada na solução”, finalizou.
Network
Além dos casos exibidos, o I Encontro de Usuários PROFIBUS PROFINET IO-LINK AS-INTERFACE possibilitou networking às associadas, que puderam, gratuitamente, expor produtos e distribuir materiais informativos em mini estandes montados ao lado do auditório.
No total, participaram 13 empresas: Authomathika, Balluff, Baumier, Cabos LAPP, DLG Automação, Envisia, Festo, IFM, Pepperl+Fuchs, Sense, Sick, Toledo&Souza e Westcon.
Indústria 4.0 – Perspectivas do Profibus-Profinet Internacional
Finalizando o encontro, o professor doutor do Departamento de Engenharia Elétrica da USP São Carlos, e coordenador do Centro de Competência e Treinamento PROFIBUS/PROFINET Certificado, Dennis Brandão, apresentou algumas reflexões acerca do futuro da comunicação industrial.
Entre as perspectivas ponderadas estão o desenvolvimento do 5G já vocacionado à conectividade em massa; advento de plataformas com orquestração inteligente; criação de novas normas para Ethernet; e ampla integração com serviços em nuvem, por meio de dispositivos móveis para acessar dados industriais.
“A gente espera que a análise de dados será intensa na indústria daqui para frente, com foco na qualidade. A PI Brasil enxerga potencial nesse novo cenário de alta conectividade e que as mudanças que vêm ocorrendo vão realmente impactar na forma como a gente configura hoje os sistemas de comunicação, e também acredita que as redes industriais, antigas ou modernas, ainda serão vitais para o fluxo de informações, mas que não trabalharão mais isoladamente e, sim, conectadas de alguma forma”, concluiu Brandão.