Wladimir Lopes Silva wladimir@wtech.ind.br Wtech Automação Ltda |
Carlos Henrique Mota carlos.mota@wtech.ind.br Wtech Automação Ltda |
Resumo
O PROFIBUS DP é o barramento de campo mais utilizado na indústria mundial atualmente. E com o uso cada vez maior desta rede “chão de fábrica”, o diagnóstico rápido de falhas tornou-se extremamente necessário e importante, o que permite minimizar tempos de parada e conseqüentes prejuízos no processo produtivo. Existem vários procedimentos conhecidos para o diagnóstico de falhas em redes PROFIBUS DP e este trabalho procura apresentar alguns deles, buscando facilitar o trabalho dos profissionais de automação na solução de problemas e na otimização da comunicação.
Palavras-Chave: Automação Industrial, Barramentos de Campo, Controlador Lógico Programável, Redes de Comunicação.
1. Introdução
A rede industrial PROFIBUS DP é o barramento de campo mais utilizado na indústria mundial atualmente. E com o uso cada vez maior deste Fieldbus nas plantas industriais, o diagnóstico rápido de falhas tornou-se extremamente necessário e importante, o que permite minimizar os tempos de parada da instalação e conseqüentes prejuízos no processo produtivo.
Existem vários procedimentos possíveis para o diagnóstico de falhas e avaliação do desempenho de uma rede PROFIBUS DP. Estes procedimentos podem abranger desde a validação dos critérios de projeto, configuração e instalação da rede, versões de firmware e dos arquivos de perfil (arquivos “GSD”), passando pela verificação do meio físico, avaliação da forma de onda e dos telegramas trocados entre os equipamentos, etc. Para isto podem-se utilizar vários tipos de ferramentas tais como, multímetro, osciloscópio, softwares de configuração dos Mestres e Escravos e ferramentas de diagnóstico especificas.
Este trabalho procura apresentar vários métodos conhecidos para diagnóstico e localização de falhas na implantação e operação de redes de comunicação industrial PROFIBUS DP, permitindo através dos conceitos básicos apresentados, uma análise mais criteriosa do seu desempenho. Serão descritos os seguintes procedimentos:
Espera-se que com este trabalho, os métodos aqui apresentados para o diagnóstico de falhas em redes PROFIBUS DP possam ser mais efetivamente utilizados pelos profissionais de automação, agilizando a solução de problemas e ajudando na otimização do desempenho da comunicação.
2. Inspeção Visual
Existem algumas condições geradoras de falhas que podem ser detectadas através de uma simples inspeção visual da instalação. São recomendadas as seguintes verificações [MIT04]:
3. Utilizando LEDs dos Dispositivos PROFIBUS DP
Este procedimento preliminar para detecção de falhas em redes PROFIBUS é muito simples, sendo bastante utilizado.
Inicialmente é importante verificar na documentação do Mestre PROFIBUS, se existe algum LED para indicação do estado da comunicação com seus Escravos associados. Geralmente, existe um LED vermelho indicativo de falha no barramento identificado como “Bus Fault” ou BF. Com isto, se o dispositivo Mestre apresenta este LED aceso ou piscando, sinaliza que a rede PROFIBUS DP possui algum problema. Para detectar o problema é necessário checar cada um dos Escravos e a rede fisicamente.
Do mesmo modo, a maioria dos Escravos também possui um LED para falha no barramento (BF) ou similar, que indica se o dispositivo está comunicando satisfatoriamente com o Mestre. Caso o LED esteja aceso em verde ou desligado (com o Escravo energizado), então o dispositivo está trocando os dados de E/S de modo satisfatório com o Mestre. O LED aceso ou piscando em vermelho, geralmente indica que o dispositivo apresentou algum erro na inicialização e, portanto, o problema deve ser identificado e sanado para o correto funcionamento do equipamento.
É importante ressaltar que na maioria das vezes, este é o único método de diagnóstico de falhas utilizado pelo Usuário. Portanto, recomenda-se que a documentação técnica dos dispositivos PROFIBUS esteja sempre organizada e de fácil acesso, facilitando a consulta e, conseqüentemente, a detecção de falhas.
4. Utilizando um Multímetro
O multímetro possivelmente é a ferramenta mais simples para a verificação e detecção de problemas em redes PROFIBUS. Com o multímetro pode-se detectar e localizar os seguintes problemas:
Com um multímetro pode-se determinar também o comprimento estimado do segmento de rede, através da informação de Resistência de Loop do cabo PROFIBUS. Para isto, são necessárias as seguintes condições de teste:
A Figura 4.1 mostra o diagrama esquemático de um cabo RS-485 PROFIBUS típico, utilizando conectores Sub-D com 9 pinos e resistores de terminação e polarização nas extremidades.
Figura 4.1: Diagrama esquemático de um cabo PROFIBUS
4.1 Determinando a Resistência de Loop
A Resistência de Loop é determinada pela medição da resistência dos dois condutores do cabo PROFIBUS (linhas de dados A e B) e é dada em [Ohms]. A resistência destes condutores depende da construção do cabo e da sua temperatura de operação.
A Resistência de Loop Específica do cabo é normalmente dada em [Ohms/km] para uma determinada temperatura de trabalho, e corresponde a medição da Resistência de Loop de um cabo PROFIBUS com o comprimento de 1 km. O valor típico para um cabo PROFIBUS tipo A é de 110 Ohms/km a 20ºC, mas pode ser diferente para cabos especiais (cabo extra-flexível, por exemplo). Portanto, é sempre importante consultar a Resistência de Loop Específica fornecida pelo fabricante do cabo PROFIBUS utilizado na instalação. A resistência do cabo tipicamente incrementa com a temperatura, cerca de 0,4% por grau Celsius.
A medição da Resistência de Loop de um cabo PROFIBUS pode ser realizada do seguinte modo:
Onde,
- Tamanho do segmento de rede em [km],
- Resistência de Loop medida em [Ohms],
- Resistência de Loop Específica do cabo em [Ohms/km].
Portanto, se a Resistência de Loop encontrada para um cabo PROFIBUS tipo A foi de 30 Ohms em 20ºC, é possível estimar o seguinte comprimento para o segmento de rede:
= 30 / 110 = 0,273km, ou seja, 273m.
É importante ressaltar que o tamanho do cabo, estimado pela medição da Resistência de Loop, não é muito preciso, pois a resistência medida sofre variação com a temperatura de operação e com a possível resistência adicional dos conectores PROFIBUS existentes no segmento de rede.
5. Utilizando Testadores de Barramento (Bus Testers)
Existem alguns equipamentos que são utilizados basicamente para teste do meio físico da rede PROFIBUS. Eles são conhecidos como “Bus Tester” ou “Net Tester”, e geralmente detectam os seguintes defeitos [MIT04]:
Alguns testadores de barramento possuem ainda recursos adicionais, tais como:
Estes testadores são utilizados após a montagem da rede e dos conectores, e otimizam a execução dos testes apresentados no item 4. A maioria destes equipamentos permite a realização dos testes com todos dispositivos PROFIBUS conectados ao barramento, entretanto, deve-se checar sempre a documentação do fabricante por garantia. A Figura 5.1 mostra o exemplo de um testador de barramento PROFIBUS (Bus Tester BT-200 da Siemens).
A utilização de conectores PROFIBUS “direcionais”, ou seja, aqueles que seccionam o segmento de rede quando a terminação é habilitada, facilitam o trabalho de teste do barramento. Quando uma falha é detectada, como por exemplo, a interrupção da linha de dados B, deve-se seccionar o segmento de rede ao meio, através da habilitação da terminação em um conector PROFIBUS “direcional”. Com isto, testa-se um dos lados do segmento para verificar se o problema persiste. Se a falha não foi detectada, então, testa-se a outra metade do segmento. Caso a falha seja detectada, então esta metade do segmento deve ser novamente seccionada ao meio pela habilitação de outra terminação e repete-se o processo. Estes passos devem ser repetidos sucessivamente até que a falha seja isolada a um par de conectores PROFIBUS adjacentes. Esta mesma técnica pode ser utilizada para verificação da existência de reflexões no cabo PROFIBUS.
Figura 5.1: Exemplo de um testador de barramento PROFIBUS
6. Utilizando um Osciloscópio
Medições com osciloscópio são o mais efetivo método para solução de problemas em PROFIBUS, entretanto, exigem um certo nível de experiência do Usuário e um equipamento com algumas características mínimas listadas a seguir [PRO06b]:
A Figura 6.1 mostra um conector PROFIBUS com uma interface adicional para programação, que pode ser utilizado para as medições das linhas de dados A e B simultaneamente em um canal do osciloscópio. Neste caso, o conector PROFIBUS do osciloscópio pode ser inserido entre a estação PROFIBUS e o conector PROFIBUS original da rede.
Figura 6.1: Exemplo de conexão com osciloscópio
A medição do sinal existente entre as linhas de dados A e B, mostra a forma de onda do sinal PROFIBUS. O PROFIBUS utiliza os dois condutores para transmissão dos dados, sendo que o sinal transmitido na linha de dados B corresponde à inversão do sinal transmitido na linha de dados A. Este tipo de transmissão de sinal tem a vantagem de que um ruído afetando as linhas de dados A e B uniformemente, não tem efeito sobre o telegrama de dados transmitido, pois, através desta transmissão diferencial, o ruído em um condutor é subtraído do ruído no outro condutor. Deste modo, o telegrama de dados é percebido sem estas distorções.
A tensão diferencial entre o nível alto e o nível baixo medida entre as linhas de dados B e A deverá estar entre 4Vcc e 7Vcc. Os valores de tensão positiva e negativa deverão ser aproximadamente do mesmo tamanho. A diferença entre os dois valores, na prática, é aproximadamente 0,5Vcc [PRO06b]. O valor em repouso, ou seja, sem transmissão de dados, deverá ser de 1 Vcc. Os sinais ideais A, B e diferencial “tensão linha B – tensão linha A” podem ser visualizados na Figura 6.2.
Figura 6.2: Sinal diferencial B-A ideal
6.1. Formas típicas de onda
Serão apresentadas a seguir algumas formas de onda típicas que poderão ser visualizadas através do osciloscópio.
A Figura 6.3 mostra um exemplo de um sinal diferencial real, onde podem ser visualizadas as pequenas reflexões de sinal. Pode-se observar também um nível relativamente baixo de ruído no estado de repouso da comunicação (trecho onde a tensão permanece em 1Vcc).
Figura 6.3: Exemplo de sinal diferencial B-A real
6.1.1 Cabo PROFIBUS DP muito longo
Um cabo muito longo geralmente funciona como um capacitor e, conseqüentemente, altera o formato do sinal transmitido. Em um sinal do tipo onda quadrada, como é o caso do PROFIBUS, o resultado são bordas de subida e descida arredondadas, conforme pode ser visualizado na Figura 6.4. Este efeito é mais acentuado, quanto mais longo for o cabo PROFIBUS. Caso o sinal fique muito deformado, pode acontecer que o receptor não consiga mais reconhecê-lo. Isto acontece quando o sinal alcança o nível de tensão desejado após 50% do período do bit.
Figura 6.4: Formato do sinal PROFIBUS em cabos muito longos
6.1.2 Conector PROFIBUS DP não conectado
Uma condição que também pode ser observada através do osciloscópio é a existência de conectores que estão inseridos no cabo de rede, mas que não foram conectados às estações PROFIBUS.
Os conectores PROFIBUS utilizados para velocidades de transmissão acima de 1.500 kbit/s contêm indutores nas linhas de sinal, para compensar a capacitância do dispositivo e minimizar o nível de reflexão. Entretanto, quando a estação PROFIBUS não está conectada, o conector aberto em conjunto com o indutor gera uma distorção no sinal. Esta distorção pode ser visualizada na Figura 6.5 e não deveria ser maior do que 0,5V pico a pico.
Figura 6.5: Formato do sinal PROFIBUS com estações não conectadas
6.1.3 Problemas na Terminação de Rede
Em relação às terminações de rede, podem-se observar dois tipos básicos de erros que causam a reflexão do sinal PROFIBUS. O modo como a reflexão ocorre e a sua intensidade dependem fundamentalmente do tipo de evento ocorrido. Estes eventos são descritos a seguir.
A Figura 6.6 mostra o formato do sinal PROFIBUS nas duas situações citadas acima.
Figura 6.6: Formato do sinal PROFIBUS em função das terminações resistivas
7. Utilizando Telegramas de Diagnóstico
O protocolo PROFIBUS possui telegramas para diagnóstico que podem ser utilizados pelos fabricantes de equipamentos. No caso de problemas durante a operação, o Escravo PROFIBUS pode indicar ao Mestre que existe uma condição de diagnóstico. Com isto, no ciclo seguinte de troca de dados, o Mestre pode solicitar informações de diagnóstico ao Escravo que informou a ocorrência do problema.
Todo Mestre PROFIBUS deve salvar as informações de diagnóstico fornecidas pelo Escravo para que possa ser utilizada pelo programa de controle (aplicação). Entretanto, cada Mestre executa esta tarefa de modo singular, daí, cabe ao Usuário familiarizar-se com o modo de acessar estas informações na estação Mestre que esteja utilizando.
O Escravo fornece as informações de diagnóstico ao Mestre através de um buffer cuja estrutura pode ser visualizada na Figura 7.1. Estas informações são divididas em quatro diferentes grupos ou blocos, sendo que o grupo de diagnóstico padrão é sempre fornecido pelo Escravo. Os outros grupos, que constituem o diagnóstico estendido, dependem do dispositivo PROFIBUS e são opcionais. A existência de dados de diagnóstico estendido é sempre informada no diagnóstico padrão. Estes dados de diagnóstico estendido podem ser fornecidos em qualquer combinação ou em qualquer ordem, inclusive em seqüência diversa da apresentada na Figura 7.1.
Figura 7.1: Estrutura do buffer de diagnóstico
7.1. Diagnóstico Padrão
É o diagnóstico informado por todo Escravo, quando solicitado pelo Mestre, e geralmente contém informações relacionadas aos problemas de inicialização do dispositivo. Por exemplo, se o Mestre espera um determinado tipo de Escravo no barramento, mas não o encontra, então será reportada uma “Falha de Configuração”. Se um determinado Escravo foi especificado na ferramenta de configuração PROFIBUS, mas o Mestre encontra em seu endereço outro tipo de dispositivo, então é reportada uma “Falha de Parametrização”. O diagnóstico padrão é fornecido através de seis bytes de informação.
Quando o Mestre e a sua respectiva ferramenta de configuração PROFIBUS apresentam boa capacidade de diagnóstico, geralmente estas informações são disponibilizadas facilmente ao Usuário. Entretanto, quando isto não ocorre, é necessário entender como esta informação é fornecida. Portanto, a estrutura destes bytes pode ser visualizada nas Figuras 7.2a, 7.2b e 7.2c, a seguir.
Figura 7.2a: Descrição do byte 1 do diagnóstico padrão
Figura 7.2b: Descrição do byte 2 do diagnóstico padrão
Figura 7.2c: Descrição dos bytes 3 a 6 do diagnóstico padrão
A Tabela 7.1 mostra os códigos de diagnóstico mais comuns presentes nos bytes 1 e 2 (em representação hexadecimal) e a interpretação de cada um deles.
Código |
Descrição |
00 04 ... |
Escravo está em troca de dados (Watch-dog desabilitado) |
00 0C ... |
Escravo está em troca de dados (Watch-dog habilitado) |
00 06 ... |
Escravo está em troca de dados, mas tem um Diagnóstico Estático (Mestre requisita o diagnóstico até o bit ser resetado) |
02 05 ... |
Escravo não está pronto (Nenhum parâmetro foi recebido ainda) |
02 07 ... |
Escravo tem um Diagnóstico Estático e deve ser parametrizado e configurado |
0A 05 ... |
Escravo não está pronto (Nenhum parâmetro foi recebido ainda) e tem dados de Diagnóstico Estendido |
42 05 ... |
Falha de Parâmetro: Ident_Number PROFIBUS errado ou parâmetros errados do dispositivo |
06 05 ... |
Falha de Configuração: Configuração errada foi enviada |
0E 05 ... |
Falha de Configuração: Configuração errada foi enviada e o Escravo tem dados de Diagnóstico Estendido |
08 04 ... |
Escravo está em troca de dados e tem dados de Diagnóstico Estendido (Watch-dog desabilitado) |
08 0C ... |
Escravo está em troca de dados e tem dados de Diagnóstico Estendido (Watch-dog habilitado) |
Tabela 7.1: Códigos para diagnóstico padrão mais comuns [MIT04]
Alguns códigos são detalhados abaixo.
8. Utilizando Ferramentas de Configuração do Mestre PROFIBUS DP
A configuração do Mestre PROFIBUS é realizada através de uma ferramenta de software específica, fornecida ou comercializada pelo fabricante do equipamento. Neste tipo de ferramenta, o Usuário configura o Mestre e define os Escravos, além de configurar os parâmetros de funcionamento da rede PROFIBUS DP.
Para definição dos Escravos, são utilizados os arquivos GSD (General Slave Data). Um arquivo GSD basicamente consiste de uma folha de dados eletrônica contendo as características de comunicação de um determinado Escravo PROFIBUS. Estes arquivos são fornecidos pelos fabricantes dos equipamentos PROFIBUS e são facilmente carregados através de qualquer ferramenta de configuração, durante a fase de configuração do sistema, facilitando a integração de diversos fabricantes em um mesmo projeto. Estes arquivos fornecem uma descrição clara e precisa das características técnicas de um dispositivo PROFIBUS em um formato padronizado, permitindo deste modo à utilização dos mesmos em ferramentas de configuração de diferentes fornecedores.
Ao final da configuração do sistema, estas ferramentas permitem a transferência (download) da configuração desenvolvida pelo Usuário para o Mestre desejado, ou ainda, para algum dispositivo de armazenamento de dados, como por exemplo, um cartão de memória Flash EPROM, a ser inserido no equipamento.
Algumas ferramentas possuem também funções para diagnóstico online da rede PROFIBUS. A Figura 8.1 mostra uma destas funções, que permite a visualização da configuração online do sistema (Software STEP7 da Siemens). Através desta função, pode-se verificar o estado do Mestre e de cada um dos Escravos PROFIBUS associados. Neste caso, o Escravo endereçado como nó 5 apresenta uma falha.
Figura 8.1: Visualização da configuração do sistema online
Existem ferramentas que possuem também um buffer para armazenamento das mensagens de diagnóstico do sistema. As falhas ocorridas na rede PROFIBUS são registradas neste buffer de diagnóstico e podem ser visualizadas posteriormente pelo Usuário (ver Figura 8.2).
Figura 8.2: Exemplo de Buffer de diagnóstico
É importante destacar que a utilização de ferramentas de configuração que possuam algum recurso de monitoração e diagnóstico online facilita o trabalho de detecção e solução de problemas em redes PROFIBUS. Portanto, o Usuário deve estar sempre atento a este detalhe, na época de aquisição de sistemas envolvendo a tecnologia PROFIBUS para sua planta industrial. Estas facilidades fazem muita diferença, especialmente em instalações onde a rede PROFIBUS possua muitas estações ou uma grande extensão física.
Geralmente as ferramentas de configuração PROFIBUS são vinculadas a um determinado fabricante, ou ainda, a uma determinada família de equipamentos, sendo utilizadas para configuração dos Mestres DP.
9. Utilizando Ferramentas de Monitoração de Rede
Existe uma classe de ferramentas avançadas que pode ser utilizada para diagnóstico de problemas no sistema: são os monitores de rede. Os monitores ou analisadores de rede são dispositivos que podem mostrar e registrar o tráfego de dados na rede e fornecem um efetivo caminho para observar o desempenho da comunicação entre as estações PROFIBUS. Entretanto, a análise das informações registradas exige alguma experiência e conhecimento detalhado do protocolo PROFIBUS e das interações entre Mestres e Escravos.
Os monitores de rede são dispositivos passivos, ou seja, são conectados ao barramento, capturam todas as mensagens entre Mestres e Escravos e não geram tráfego adicional. Eles também não afetam os tempos envolvidos na rede PROFIBUS.
Existem vários modelos de monitores de rede PROFIBUS disponibilizados no mercado e a maioria deles apresenta funcionalidades bem semelhantes. Um monitor ou analisador de rede PROFIBUS deve ter as seguintes funcionalidades básicas:
Figura 9.1: Visualização de mensagem com erro e mensagens repetidas
Os analisadores de rede que funcionam em computadores utilizam uma interface para acesso ao barramento PROFIBUS (cartão PCMCIA, hardware externo via porta USB, etc.). Existem algumas interfaces que incorporam internamente um osciloscópio de alta velocidade, o que permite visualizar na mesma ferramenta e simultaneamente, a forma de onda presente no barramento PROFIBUS e a sua interpretação binária (visualização dos bits). Este tipo de interface permite ainda que seja visualizado através de bargraph, o nível médio de tensão do sinal transmitido no barramento, para cada dispositivo PROFIBUS existente na rede. O nível médio de tensão deverá permanecer em torno de 5Vcc, para um barramento que não apresenta problemas. Esta informação ajuda no diagnóstico de falhas na rede, pois se consegue perceber claramente alguns tipos de situação:
A Figura 9.2 mostra o formato de onda de um sinal PROFIBUS “capturado” através de uma ferramenta de monitoração de rede.
Figura 9.2: Visualização de sinal PROFIBUS através da função osciloscópio
10. Utilizando Repetidores com Diagnóstico
Os repetidores com diagnóstico são dispositivos similares aos repetidores normais, entretanto, possuem a capacidade de monitoração dos segmentos de rede para detecção de defeitos. Este tipo de repetidor permite a conexão de até três segmentos de rede e ocupa o endereço de um Escravo PROFIBUS. Além disto, um computador pode ser conectado diretamente a ele, para leitura das informações de diagnóstico.
Para reportar os problemas detectados nos segmentos de rede ao Mestre DP, o repetidor com diagnóstico funciona como um escravo DP, enviando telegramas de diagnóstico conforme descrito no item 7 deste trabalho. O repetidor pode também ser configurado para “aprender” a topologia dos segmentos conectados a ele, permitindo que esta configuração seja visualizada na ferramenta instalada no computador, juntamente com as falhas que neles ocorrem.
Estes dispositivos são capazes de detectar os seguintes defeitos na rede PROFIBUS DP [MIT04, WEI03]:
11. Conclusão
A utilização dos barramentos de campo, também denominados Fieldbus, nas instalações industriais é atualmente um fato consumado, mas nem sempre foi assim. Antes da utilização desta tecnologia, o controle dos equipamentos no campo era realizado através do uso intensivo de cabos, sendo que para cada sinal ou comando era necessário um novo par de condutores entre o equipamento e a sala de controle. Com isto, eram comuns os seguintes problemas:
Graças à tecnologia de rede, os problemas citados acima foram sanados, dando lugar a um cabeamento mais simples, econômico e confiável. As instalações tornaram-se também mais flexíveis, facilitando a expansão e possibilitando um melhor gerenciamento dos sistemas.
Atualmente, o usuário encontra uma grande variedade de redes industriais a sua disposição para atender as mais variadas demandas do processo produtivo, e o PROFIBUS coloca-se como uma das boas opções disponíveis no mercado.
O PROFIBUS é um padrão aberto de rede de campo, que independe de fornecedores, sendo constituído de tecnologia já amadurecida, mas que mesmo assim vem evoluindo continuamente, adequando-se às novas demandas do mercado. E nesta evolução contínua, incluem-se também as ferramentas de diagnóstico, que facilitam cada vez mais o trabalho dos Usuários. Estas ferramentas permitem analisar a rede PROFIBUS pelos mais variados “ângulos”, desde uma simples verificação do meio físico ou da configuração online da rede, até a monitoração da troca de telegramas entre Mestre e Escravos. Portanto, percebe-se que a rede PROFIBUS disponibiliza muitos recursos para o Usuário, entretanto, ainda são pouco conhecidos e não muito utilizados.
Espera-se que este trabalho técnico tenha contribuído para a divulgação de vários destes procedimentos e ferramentas, servindo de base para o desenvolvimento de novos trabalhos sobre este tema, que é tão importante.
Referências Bibliográficas
[CAS06] CASSIOLATO, César; TORRES, Leandro H.B.; CAMARGO, Paulo R. PROFIBUS – Descrição Técnica. Associação PROFIBUS Brasil, São Paulo, 2006.
[MIT04] MITCHELL, Ronald W. PROFIBUS – A Pocket Guide. ISA – The Instrumentation, Systems and Automation Society, Research Triangle Park, 2004.
[PRO06b] PROFIBUS International – PI. PROFIBUS – Installation Guideline for Commissioning. PROFIBUS Nutzerorganisation e.V., Karlsruhe, 2006.
[SIL08] SILVA, Wladimir. Métodos para Diagnóstico de Falhas e Avaliação de Desempenho em Redes PROFIBUS DP. Monografia (Especialização em Automação Industrial) – Escola de Engenharia, UFMG, Belo Horizonte, 2008.
[WEI03] WEIGMANN, Josef; KILIAN, Gerhard. Decentralization with PROFIBUS DP/DPV1 – Architecture and Fundamentals, Configuration and Use with SIMATIC S7. Publicis Corporate Publishing, Erlangen, 2003.
Dados dos Autores
Wladimir Lopes Silva
Gerente de Sistemas
Wtech Automação Ltda
E-mail: wladimir@wtech.ind.br
Carlos Henrique Mota
Gerente de Automação
Wtech Automação Ltda
E-mail: carlos.mota@wtech.ind.br