Pela segunda vez, a PI Brasil promoveu na Usina Uberaba, no dia 22 de fevereiro deste ano, mais uma edição do Seminário On Site PROFIBUS e PROFINET, com a participação de mais de 20 profissionais, entre técnicos, engenheiros, e supervisores das áreas de manutenção industrial e elétrica, instrumentação, automação.
Nesta segunda oportunidade, foram aprofundados vários assuntos e abordadas questões relativas às novas tecnologias, sendo que a parte da manhã foi reservada para as apresentações teóricas e o período vespertino para a demonstração prática e o esclarecimento de dúvidas especificas, além da interação com os colaboradores da usina.
Uma das apresentações técnicas na Usina Uberaba.
As palestras versaram sobre: PROFINET, com discussão de aspectos relacionados à Automação de Processos; Boas Práticas de Instalação de Redes Industriais PROFIBUS, uma apreciação das especificações estabelecidas pelo PROFIBUS International para instalação de uma rede industrial PROFIBUS com qualidade, incluindo a discussão de cases e de alguns pontos previstos em norma técnica; PROFIBUS - Aterramento, Blindagem, Ruídos, Interferências – apresentação inédita no Seminário On Site e dedicada a abordar a previsão e a orientação prevista em NBR a respeito de definições e do correto procedimento para aterramento, gerando uma boa discussão; e Safetybus, que apresentou conceitos e recursos da tecnologia para segurança de rede.
Demonstração prática no Seminário On Site.
Rodrigo Batista Garcia, Engenheiro Supervisor de Manutenção Elétrica e Instrumentação da Usina Uberaba, explica que a unidade industrial teve início de produção em 2008 com a finalidade de ser efetivamente uma unidade industrial 100% automatizada utilizando as tecnologias PROFIBUS e AS-i. “Desde 2008 a tecnologia vem comprovando o sucesso de operação da usina com alta produtividade. As operações da fábrica são realizadas de modo automático. Nosso projeto consiste na sistematização das operações contínuas e batelada, fazendo com que o resultado fique muito próximo de uma operação totalmente contínua, sem ou com pouca intervenção do operador”, confirma Garcia.
O Engenheiro Supervisor avalia que o Seminário On Site foi um debate técnico muito importante para a equipe da Usina Uberaba e também para os convidados e fornecedores da PI Brasil. “A nossa intenção é realizar sempre que possível este encontro”, prevê.
Rodrigo Garcia: “A nossa intenção é realizar sempre que possível este encontro”.
Quanto às boas práticas de instalação, Garcia afirma que suas técnicas de instalações são essenciais para o correto funcionamento e a confiabilidade de uma indústria 100% automatizada. “Portanto, aqui sempre praticadas para garantir a alta disponibilidade operacional”, assegura.
Em relação aos conceitos sobre o aterramento, assim como sobre a aplicação das normas técnicas, o Engenheiro Supervisor de Manutenção Elétrica e Instrumentação da Usina Uberaba entende que, neste caso, a grande importância é a equipotencialização, ou seja, a garantia de que todos estejam no mesmo potencial elétrico. “O desafio é encontrar soluções técnicas para as energias com potencias diferente e as eliminar”, diz.
Glauco Guaitoli, Engenheiro Eletricista, Professor de Pós-Graduação na Unicamp e Diretor da DLG Automação Industrial foi o instrutor que falou sobre Aterramento, Blindagem, Ruídos, Interferências, avalia que todos os seminários promovidos pela PI Brasil tem sempre bom nível técnico. “Isso é muito importante, pois, além de divulgar a tecnologia PROFIBUS, auxiliam os usuários que já a utilizam a esclarecerem suas dúvidas. Na Usina Uberaba não foi diferente. Além disso, fomos muito bem recepcionados e percebemos uma mobilização de todo o copo técnico para o evento. Pela participação foi possível perceber que a equipe possui um alto nível de capacitação”, enaltece.
Glauco Guaitoli: “Pela participação foi possível perceber que a equipe possui um alto nível de capacitação”.
O especialista explica que o aterramento é importante para toda instalação elétrica. “Primeiramente, como disse na apresentação, para garantir a proteção das pessoas, animais e equipamentos. Depois, tem o caráter funcional do aterramento. Sem um aterramento adequado, vários equipamentos elétricos e eletrônicos não funcionam ou funcionam de maneira precária. De uma forma geral, as redes de comunicação por fio, incluindo a PROFIBUS, precisam ser corretamente aterradas para que sofram com as interferências eletromagnéticas que afetam a comunicação de dados. Mas, mais importante que o aterramento em si em uma instalação elétrica é a equipotencialização de todas as referências. Ou seja, todos os aterramentos de uma instalação, sejam de proteção ou funcional, devem estar interligados. Ainda encontramos instalações que tentam, por exemplo, isolar o aterramento de SPDA - Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas de outros aterramentos. As normas da ABNT NBR-5410 e NBR-5419 são bem claras com relação a este assunto”, detalha.
Quanto à emissão de energia eletromagnética e os consequentes problemas de compatibilidade eletromagnética, Guaitoli esclarece que no ambiente industrial existem inúmeros equipamentos que emitem campos eletromagnéticos. “É muito difícil de eliminá-los. Por isso os equipamentos devem possuir níveis de emissão de energia eletromagnética mínimos e as instalações elétricas devem ser feitas de maneira corretas. A correta instalação de uma rede industrial minimiza, e até mesmo pode eliminar, qualquer influência provocada por outros equipamentos e pela instalação indevida”, adverte.
No que se refere aos impactos que podem atingir as redes de comunicação PROFIBUS, o Diretor da DLG Automação Industrial lembra que num ambiente industrial é praticamente impossível ficar livre de todas as interferências. “Por isso, reforço, a correta instalação dos equipamentos elétricos que são agentes causadores (mesmo que não se utilizem da rede PROFIBUS) e da rede PROFIBUS propriamente dita, que é o agente que sofre com as interferências eletromagnéticas. Alguns cuidados devem ser tomados em ambos os casos. A certificação Profitech Instaler é muito importante e o Guia de Instalação e Montagens de Cabos (disponível no site da associação PROFIBUS) traz vários critérios que devem ser seguidos”, alerta.
Ao mesmo tempo, Guaitoli pontua que, evidentemente, em alguns casos, a única forma de se eliminar as interferências eletromagnéticas é mudar o meio físico da rede de elétrico para fibra óptica. “Mas, o uso da fibra óptica só se justifica, técnica e economicamente, quando temos grandes distâncias entre dois dispositivos da rede PROFIBUS. É um erro simplesmente retirarmos os cabos de comunicação elétricos e substituir por fibras ópticas com o único intuito de melhorar as interferências na rede PROFIBUS. Estaremos combatemos o efeito e não a causa. Se a rede PROFIBUS está sofrendo muito com as interferências eletromagnéticas, isso pode ser um sinal que existem outros problemas na instalação elétrica, como a falta de um aterramento adequando e de equipotencialização. E, reiterando, a principal função do aterramento é garantir a proteção de pessoas, animais e equipamentos (nesta ordem de importância). Se mascararmos o problema somente utilizando fibra óptica, resolvemos o problema das interferências nas redes PROFIBUS, mas poderemos estar correndo risco de causarmos um choque elétrico numa pessoa simplesmente porque um painel não está aterrado”, conclui.