Com a tecnologia Fieldbus, os usuários podem
ter diversos benefícios proporcionados pela tecnologia
digital e, além disso, podem tirar vantagens e
conseguir otimização e redução
de custos de distribuição das redes, garantindo
segurança e confiabilidade nas operações.
Para o sucesso de qualquer rede de automação
e controle, a instalação deve ser criteriosa
e dentro das especificações. Este artigo
mostra alguns cuidados e práticas no dimensionamento
e instalação que devem ser adotadas em
redes Profibus PA, onde o meio físico está definido
pelo padrão IEC61158-2.
Definição do meio físico
H1
O Profibus PA são protocolos de comunicação
digital bidirecional que permite a interligação
em rede de vários equipamentos diretamente no
campo, realizando funções de aquisição
e atuação, assim como a monitoração
de processos e estações (IHMs) através
de softwares supervisórios.São baseados
no padrão ISO/OSI, onde se tem as seguintes camadas:
Physical Layer, Communication Stack e User Application,
onde podemos citar o gerenciamento de forma abrangente
com a aplicação e com advento de modelos
baseados em Function Blocks (Blocos Funcionais) mais
Device Descriptions (Descrição de Dispositivos).
O Physical Layer (Meio Físico) é definido
segundo padrões internacionais (IEC, ISA). Ele
recebe mensagens da camada de comunicação
(Communication Stack) e as converte em sinais físicos
no meio de transmissão fieldbus e vice-versa,
incluindo e removendo preâmbulos, delimitadores
de começo e fim de mensagens.
O meio físico é baseado na IEC61158-2,
onde podemos citar as seguintes características:
·
Transferência de dados usando codificação
Manchester, com taxa de 31.25 kbit/s.
·
Para um sinal de comunicação integro, cada
equipamento deve ser alimentado com, no mínimo,
9 volts. O meio físico H1 permite que se alimente
os equipamentos via barramento. O mesmo par de fios que
alimenta o equipamento também fornece o sinal
de comunicação.
·
Comprimento máximo de 1900m/seguimento sem repetidores.
·
Usando-se até 4 repetidores, o comprimento máximo
pode chegar a 9.5 Km.
·
Um barramento Profibus PA sem segurança intrínseca
e alimentação externa à fiação
de comunicação dever suportar de 2 até 32
equipamentos em aplicação.
·
O barramento Profibus PA deve ser capaz de se suportar
vários equipamentos em aplicação
com segurança intrínseca e sem alimentação:
- Explosion Group IIC: 9 equipamentos e,
- Explosion Group IIB: 23 equipamentos.
Obs: Pode-se ligar mais equipamentos do que foi especificado,
dependendo do consumo dos equipamentos, fonte de alimentação
e características das barreiras de segurança
intrínseca, e modelo FISCO.
·
Não interrupção do barramento com
a conexão e desconexão de equipamentos
enquanto estiver em operação.
·
Topologia em barramento, árvore ou estrela ou
mista.
O modelo FISCO tem as seguintes características:
a) ter um único elemento ativo (fonte de alimentação)
no barramento de campo, localizado na área não-classificada;
b) os demais equipamentos na área classificada
são passivos;
c) cada equipamento de campo deve ter consumo mínimo
de 10mA;
d) em áreas Ex ia o comprimento máximo
do barramento deve ser 1000m e em Ex ib, 1000m;
e) Em termos de cabo (sem restrições para
cabeamento até 1000m) deve-se ter os seguintes
parâmetros:
- R´:15 ... 150 Ohm/km
- L´: 0.4 ... 1 mH/km
- C´: 80 ... 200 nF/km
Cabo tipo A: 0.8mm2(AWG18) (*)
f) Em termos de terminação:
a. R = 90 ... 100 ohms
b. C = 0 ... 2.2 µF.
O conceito FISCO foi otimizado para que seja permitido
um número maior de equipamentos de campo, de acordo
com o comprimento do barramento, levando-se em conta
a variação das características do
cabo (R', L',C'), terminadores, atendendo categorias
e grupos de gases com uma simples avaliação
da instalação envolvendo segurança
intrínseca. Com isto aumentou-se a capacidade
de corrente por segmento e facilitou para os usuários
a avaliação. Além disso, ao adquirirem
produtos certificados não precisam se preocupar
mais com cálculos, mesmo em substituição
em operação.
|
Exemplo de sinal Fieldbus em modo
tensão.
|
|
Exemplo de codificação
Manchester. |
A transmissão de um equipamento
tipicamente fornece 10mA a 31.25kbit/s em uma carga equivalente
de 50 Ohms criando um sinal de tensão modulado
em 1.0 Volt pico a pico. A fonte de alimentação
pode fornecer de 9 a 32 VDC, porém em aplicações
seguras (IS) deve atender os requisitos das barreiras
de segurança intrínseca.
|
Modo Tensão 31.25 kbit/s |
O comprimento
total do cabeamento é a somatória do
tamanho do trunk (barramento principal) e todos os
spurs (derivações maiores que 1m) sendo
que com cabo do tipo A (*), é de no máximo
1900m em áreas não seguras. Em áreas
seguras, é de no máximo 1000 m, com
cabo tipo A e os spurs não podem exceder 30m.
Topologias |
Em termos de topologia podemos ter os seguintes
modelos, lembrando que estes exemplos são
para uma rede Profibus PA: estrela (fig.4), barramento
(fig.5) e ponto-a-ponto (fig.6). Na prática
normalmente tem-se uma topologia mista:
|
|
Figura 4 - Topologia Estrela
|
|
Figura 5 - Topologia Barramento.
|
|
Figura 6 - Topologia Ponto-a-Ponto |
Dimensionando o número de equipamentos em
uma rede Profibus PA
Observe-a figura 7, onde temos uma arquitetura típica
em Profibus. |
|
Figura 7 – Arquitetura típica de uma
rede Profibus. |
Basicamente,
podemos citar os seguintes elementos de uma rede
Profibus:
1) Mestres (Masters): são elementos responsáveis
pelo controle do barramento.Eles podem ser de duas classes:
·
Classe 1: responsável pelas operações
cíclicas (leitura/escrita) e controle das malhas
abertas e fechadas do sistema de controle/automação
(PLC).
·
Classe 2: responsável pelos acessos acíclicos
dos parâmetros e funções dos equipamentos
PA estação de engenharia ou estação
de operação: Simatic PDM CommuwinII, Pactware,
FieldCare.
2) Acopladores (Couplers): são dispositivos utilizados
para traduzir as características
físicas entre o PROFIBUS DP e o PROFIBUS PA (H1:31,25kbits/s).E ainda:
·
São transparentes para os mestres (não possuem endereço
físico no barramento);
·
Atendem aplicações seguras (Ex) e (Non-Ex), definindo e limitando
o número máximo de equipamentos em cada segmento PA. O número
máximo de equipamentos em um segmento depende entre outros fatores,
da somatória das correntes quiescentes e de falhas dos equipamentos
(FDE) e distâncias envolvidas no cabeamento.
·
Podem ser alimentados até 24 Vdc, dependendo do fabricante e da área
de classificação.
·
Podem trabalhar com as seguintes taxas de comunicação, dependendo
do fabricante: P+F (93.75 kbits/s e SK2:12Mbits/s) e Siemens (45.45 kbits/s).
Supplier |
Siemens |
Siemens |
Siemens |
Pepperl+Fuchs |
Pepperl+Fuchs |
Order Code |
6ES7157-0AD00-0XA0 |
6ES7157-0AC00-0XA0 |
6ES7157-0AA00-0XA0 PA/Link |
KFD2-BR-Ex1.PA. |
KFD2-BR-1.PA. |
"Ex" |
Eex ia IIC |
- |
Eex ia IIC |
Eex ia IIC |
- |
Operating Voltage( V ) |
12.5 |
19 |
( 3 ) |
12.6 |
22 |
Max. operating current ( mA ) |
100 |
400 |
( 3 ) |
110 |
380 |
Max. Power ( W ) |
1.8 |
|
( 3 ) |
1.93 |
|
Max. line resistance ( ohm ) |
35 |
25 |
( 3 ) |
32.7 |
34.2 |
Max. cable length ( m ) |
1000 |
1900 ( 2 ) |
( 3 ) |
1000 ( 1 ) |
1900 ( 2 ) |
DP baud rate |
45.45 kbits/s |
45.45 kbits/s |
Up to 12 Mbits/s |
93.75 kbits/s |
93.75 kbits/s |
Table 1.1 - Supplier
( 1 )
Maximum cable for Eex ia IIC to 1000m.
( 2 ) Maximum value specified in IEC
1158-2
( 3 ) Both PA couplers from Siemens, 6ES7157-0AD00-0XA0
and 6ES7157-0AC00-0XA0
can be connected to the PA link.
|
Tabela 1 – Dados dos couplers. |
3) Link devices:
São dispositivos utilizados como escravos
da rede PROFIBUS DP e mestres da rede PROFIBUS PA
(H1:31,25kbits/s).São utilizados para se conseguir
altas velocidades, de até 12Mbits/s no barramento
DP. E ainda:
§
Possuem endereço físico no barramento;
§
Permitem que sejam acoplados até 5 couplers, mas
limitam o número de equipamentos em 30 em um barramento “Non-Ex” e
10 em barramento “Ex”.Com isto, aumentam
a capacidade de endereçamento da rede DP.
4) Terminador: consiste de um capacitor de 1µF
e um resistor de 100 O conectados em série entre
si e em paralelo ao barramento.Tem as seguintes funções:
§
Shunt do sinal de corrente: o sinal de comunicação é transmitido
como corrente, mas recebido como tensão. O terminador
faz esta conversão.
§
Proteção contra reflexão do sinal
de comunicação: deve ser colocado nas duas
terminações do barramento, um no final
e outro geralmente no coupler.
Cálculo do número de equipamentos em um
segmento PA non-Ex
Iremos mostrar o cálculo em um comprimento máximo
de 1900m(cabo tipo A), considerando os seguintes dados:
§
Tensão mínima para um equipamento fieldbus
operar: 9Vdc
§
Tensão típica fornecida por um coupler
Siemens Non-Ex: 19Vdc
§
Corrente típica fornecida por um Siemens Non-Ex:
400mA
§
Resistência de loop do cabo Tipo A (AWG 18) : 44
Ohms por Km (duas vias)
§ Desprezaremos as correntes de FDE, por serem
insignificantes comparadas com as quiescentes
§
Equipamentos Smar consomem 12 mA
E tomando como base a lei de Ohm:
V = RxIx(N)
N = V/(IxR), onde:
V = queda máxima de tensão no cabo garantindo a tensão
mínima de
alimentação no equipamento mais distante do coupler.
I = corrente de cada equipamento PA
R = resistência total
N = número de equipamentos
Substituindo os valores:
N = (19-9)/(12x10-3 x 1.9x 44) = 10 equipamentos
Verificando a corrente total com a máxima corrente
fornecida pelo coupler, tem-se:
I = 10 x 12mA = 120mA < 400mA à OK
Vamos admitir agora, cabo tipo A e um comprimento de
1400 m:
N = (19-9)/( 12x10-3 x 1.4 x 44) = 13 equipamentos
Verificando a corrente total com a máxima corrente
fornecida pelo coupler, tem-se:
I = 13 x 12mA = 156mA < 400mA à OK
Cálculo do comprimento do cabo(tipo A)
para 20 equipamentos em um segmento PA non-Ex
L = (19-9) x 1000/(20 x 12x10-3 x 44) = 947 m
Verificando a corrente total com a máxima corrente
fornecida pelo coupler, tem-se:
I = 20 x 12mA = 240mA < 400mA à OK
Cálculo do número de equipamentos
em um segmento PA Eex ia IIC
Iremos mostra o cálculo em um comprimento máximo
de 1000m(cabo tipo A, área Ex), considerando os
seguintes dados:
§
Tensão mínima para um equipamento fieldbus
operar: 9Vdc
§
Tensão típica fornecida por um coupler
Siemens Non-Ex: 12.5Vdc
§
Corrente típica fornecida por um Siemens Non-Ex:
100mA
§
Resistência de loop do cabo Tipo A (AWG 18) : 44
Ohms por Km (duas vias)
§ Desprezaremos as correntes de FDE, por serem
insignificantes comparadas com as quiescentes
§
Equipamentos Smar consomem 12 mA
E tomando como base a lei de Ohm:
N = V/(IxR), onde:
V = queda máxima de tensão no cabo garantindo a tensão
mínima de
alimentação no equipamento mais distante do coupler.
I = corrente total do segmento PA
R = resistência total
N = número de equipamentos
Substituindo os valores:
N = (12.5-9)/( 12x10-3 x 1.0x 44) = 6 equipamentos
Verificando a corrente total com a máxima corrente
fornecida pelo coupler, tem-se:
I = 6 x 12mA = 72mA < 100mA à OK
Cálculo do comprimento do cabo(tipo A) para
8 equipamentos em um segmento PA Eex ia IIC
Verificando a corrente total com a máxima corrente
fornecida pelo coupler, tem-se:
I = 8 x 12mA = 96mA < 100mA à OK
Determinado-se o comprimento:
L = (12.5-9) x1000/(8x12x10-3 x44) = 828.6 m
Note que a quantidade de equipamentos é totalmente
dependente da classificação da área,
tipo de cabo, corrente e tensão fornecida pelo
coupler e corrente quiescente total dos equipamentos
PA.
Dicas de instalação
Seguem algumas dicas de cablagem, blindagem e aterramento,
já que em uma rede digital devemos estar sempre
atentos aos níveis de ruídos, impedâncias(capacitâncias
e indutâncias) indesejáveis e que podem
contribuir para a degradação dos sinais:
- deve-se evitar splice, que é qualquer parte
da rede que tenha comprimento descontínuo de um
meio condutor especificado, por exemplo, remoção
de blindagem, troca do diâmetro do fio, conexão
a terminais nus, etc.Em redes com comprimento total maior
do que 400 m, a somatória de todos os comprimentos
de todos os splices não deve ultrapassar 2% do
comprimento total e ainda, em comprimentos menores do
que 400m, não deve exceder 8m.
- deve-se ter terminadores no barramento, um no início
e outro no final.Não deve-se ligar a blindagem
ao terminador e sua impedância deve ser 100 Ohms
+/-20% entre 7.8 a 39 kHz.Este valor é aproximadamente
o valor médio da impedância característica
do cabo nas freqüências de trabalho e é escolhido
para minimizar as reflexões na linha de transmissão,
assim como para converter o sinal em níveis aceitáveis
de 750 a 1000 mV.Um detalhe importante quando se tem
a topologia em árvore ou estrela é que
devemos centralizar o terminador de tal forma a otimizarmos
os comprimentos máximos dos spurs, respeitando-se
o limite de 120m. Em casos onde isto não é possível,
o recomendado é incluir este spur como parte integrante
do barramento principal.
- Quando repetidores são utilizados, para cada
segmento abaixo do repetidor deve ser colocado um terminador.
- O propósito do shield sob o par de fios trançados é proteger
o sinal de ruídos, principalmente devidos à interferência
eletromagnética.A atuação do shield
só será efetiva quando conectado ao terra
somente em um ponto, senão passa a contribuir
com caminhos que conduzem correntes parasitas facilitando
a introdução de ruídos. O shield é normalmente
aterrado na fonte de alimentação ou na
barreira de segurança intrínseca.Deve-se
assegurar a continuidade da blindagem(shield) do cabo
em mais do que 90% do comprimento total do cabo. O shield
deve cobrir completamente os circuitos elétricos
através dos conectores, acopladores, splices e
caixas de distribuição e junção.
- Em áreas sujeitas à exposição
de raios e picos de alta voltagem, recomenda-se os protetores
de surtos.
- Isolar sinal fieldbus de fontes de ruídos, como
cabos de força, motores, inversores de freqüência.Colocá-los
em guias e calhas separadas.
- Quando utilizar cabos multivias, não misturar sinais de vários
protocolos.
- Em relação ao aterramento, deve-se ter uma impedância de
terra suficientemente baixa com capacidade de dreno suficiente para conduzir
e prevenir picos de tensão.Deve-se evitar múltiplos terras e quando
estes forem necessários devem ser capacitivos.
- Evitar loops de terra: quando se tem vários equipamentos aterrados a
um terra comum por caminhos diferentes, criando diferenças de potenciais
que podem danificar os equipamentos.
- Respeitar as normas de segurança e classificação da área.
- Uso de caixa de junção passivas: estas caixas não consomem
potência do
barramento e estão previstas de acordo com a IEC 61158-2 em instalações
fieldbus
O uso do Fieldbus proporciona vários benefícios, como a redução
de cablagem e
flexibilidade de instalação.Várias topologias podem ser
usadas, sendo que a
redução de cabos depende da topologia. A maior parte das instalações
não se
beneficiam da redução de cablagem, devido ao fato de se utilizar
caixas de junções convencionais que distribuem o cabeamento para
diversos equipamentos.Neste
caso, utilizam-se da topologia estrela onde se necessita um grande número
de
derivações, sendo que cada equipamento requer um par de fios.Veja
figura 7. Para
realmente tirar-se vantagem da redução de cabeamento, a topologia
em barramento
deve ser usada. E neste caso, a solução custo-efetivo é alcançada
usando-se caixa
de junções distribuídas. Um exemplo é a caixa de
junção JM400 da Smar.
Especialmente projetada para o uso em Fieldbus, a JM400, facilita a distribuição
do
cabeamento e permite maximizar a economia com cabos, além de dar uma maior
flexibilidade de instalação, aumentando a disponibilidade da planta.
|
Figura 8 – JM400, fácil acomodação
do terminador de barramento BT302.
|
- O comprimento máximo do segmento é a
somatória dos comprimentos dos troncos e spurs,
sendo que comprimentos menores que 1m não são
considerados
spurs. A quantidade de spurs e o número de equipamentos devem estar
de acordo com
a tabela 2:
Número de spurs |
1 equipamento |
2 equipamentos |
3 equipamentos |
4 equipamentos |
25 - 32 |
1m |
1m |
1m |
1m |
19 - 24 |
30m |
1m |
1m |
1m |
15 - 18 |
60m |
30m |
1m |
1m |
13 - 14 |
90m |
60m |
30m |
1m |
1 - 12 |
120m |
90m |
60m |
30m |
|
Tabela 2 – Spur x número de equipamentos
PA. |
|
Figura 9 – Levantamento do comprimento total
do segmento PA. |
Conclusão
Vimos neste artigo vários detalhes da rede Profibus
PA em termos de meio físico, dimensionamento e
instalação que contribuem fundamentalmente
como um todo para o sucesso de um sistema de controle
e automação Profibus.
Referências
· Material de Treinamento Profibus Smar, César
Cassiolato.
·
www.smar.com.br